The Lady of Shalott





Lua cheia no céu, chá de hortelã e cidreira fumegante na xícara velha, cigarro no cinzeiro e viajando nas lembranças do mar e de contos conhecidos, me deparei com o poema sobre a Senhora de Shalott. A curiosidade pelo conto me foi apresentada por minha mãe, quando trouxe para casa o primeiro Cd de Loreena Mckennitt que eu iria ouvir.

Bem, deixo vocês com o poema e, para aqueles que preferem ler em forma de conto, deixo aqui o endereço onde a estória é hospedada.
Espero que apreciem. Boa leitura!

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A Senhora de Shalott.

E ao luar, o ceifador cansado,
Empilhando feixes em terras altas arejadas,
Presta atenção e sussurra
"Esta é a fada Senhora de Shalott".

Salgueiros embranquecem, álamos estremecem,
Pequenas brisas escurecem e arrepiam
Através das ondas que correm para sempre
Próximas à ilha no rio
Desaguando em Camelot.

Quatro muros cinzentos, e quatro torres cinzentas,
Dão vista para um espaço de flores,
E a ilha silenciosa abriga
A Senhora de Shalott.

Seu cenho amplo e largo ao sol brilhava;
Sobre cascos lustrosos seu cavalo de guerra avançava;
Por baixo de seu capacete escapavam
Seus cachos pretos como carvão enquanto cavalgava,
Enquanto cavalgava na direção de Camelot.

À distância de uma flechada dos aposentos dela,
Ele cavalgava por entre os feixes de cevada,
O sol aparecia ofuscante por entre as folhas,
E ardia por sobre as armaduras de bronze
Do ousado Sir Lancelot.

Tudo naquele clima azul e sem nuvens
O couro da sela brilhava como se fosse incrustado,
O capacete e a pena do capacete
Ardendo como uma única chama que queima junta,
Enquanto ele cavalgava na direção de Camelot.

Ela deixou a teia, deixou o tear,
Deu três passos através do quarto,
Viu o lírio d'água florescer,
Viu o capacete e a pena,
Olhou ao longe para Camelot.

Lá ela tece noite e dia
Uma teia mágica com cores alegres.
Ela ouviu um sussurro dizer,
Uma maldição recairá sobre ela se continuar
A olhar ao longe para Camelot.

Ela não sabe que maldição pode ser,
E assim ela tece continuamente,
E poucas outras preocupações ela tem,
A Senhora de Shalott.

Como sempre acontece na noite púrpura,
Sob os aglomerados de estrelas brilhantes,
Algum meteoro barbado, com um rastro de luz,
Movimenta-se acima da pacata Shalott.

Mas ela ainda regozija em sua teia
Tecendo as visões mágicas do espelho,
Porque com freqüência em noites silenciosas
Um enterro, com plumas e luzes,
E música, ia até Camelot:

E às vezes pelo espelho azul
Os cavaleiros vêm cavalgando dois a dois:
Ela não tem nenhum cavaleiro real e verdadeiro,
A Senhora de Shalott.

Ali o rio faz um redemoinho,
E ali os aldeões mal-humorados,
E as capas vermelhas das moças da feira,
Passam vindos de Shalott.

E movendo-se por um espelho claro
Que pende diante dela todo o ano,
Sombras do mundo aparecem.
Ali ela vê a estrada mais próxima
Serpenteando até Camelot:

Ou quando a Lua ia alta no céu,
Vinham dois jovens amantes recém-casados;
"Estou meio cansada de sombras", disse
A Senhora de Shalott.

Um cavaleiro de cruz-vermelha eternamente ajoelhado
Para uma senhora em seu escudo,
Que brilhava no campo amarelo,
Além da remota Shalott.

A teia voou para fora e saiu flutuando;
O espelho rachou-se de lado a lado;
"A maldição recaiu sobre mim!", exclamou
A Senhora de Shalott.

E pela extensão obscura do rio...
Como um vidente ousado em transe,
Ao enxergar todo o seu desfortúnio...
Com semblante vidrado
Foi que ela olhou para Camelot.

Ela desceu e encontrou um bote
Flutuando largado sob um salgueiro,
E por toda a extensão da proa ela escreveu
A Senhora de Shalott.

E ao encerrar-se o dia
Ela soltou a corrente e deitou-se;
O largo rio carregou-a para longe.
A Senhora de Shalott.

Lá deitada, vestida de branco neve
Esvoaçando solta para lá e para cá...
As folhas sobre ela caindo com leveza...
Através dos ruídos da noite,
Ela foi flutuando até Camelot:

Ouvindo um hino, pesaroso, sagrado,
Cantando alto, cantando baixo,
Até que seu sangue foi se congelando lentamente,
E seus olhos se escureceram por completo,
Voltados para Camelot que se avultava.

Porque antes de alcançar com a maré
A primeira casa à margem do rio,
Cantando sua canção ela morreu,
A Senhora de Shalott.

Lutando em meio ao tempestuoso vento leste,
O bosque amaralo-pálido ia minguando,
O largo rio em suas margens reclamava.
As nuvens baixas no céu choviam pesado
Sobre Camelot que se avultava.

Sob torres e sacadas,
Passando pelos muros dos jardins e pelas galerias,
Como um vulto cintilante ela foi flutuando,
Com palidez mortal entre as casas altas,
Silenciosa, penetrando em Camelot.

E enquanto a proa do bote ia avançando
Entre as colinas de salgueiros e os campos,
Ouviram-na cantar sua última canção
A Senhora de Shalott.

Para o cais todos foram,
Cavaleiro e burguês, lorde e dama,
E por toda a extensão da proa eles leram seu nome,
A Senhora de Shalott.

Quem é esta? e o que está aqui?
E o palácio iluminado próximo
Morreu o som da alegria real;
E fizeram o sinal-da-cruz por medo,
Todos os Cavaleiros de Camelot:

Mas Lancelot refletiu por um instante,
Ele disse: "Ela tem um rosto adorável;
Deus em sua misericórdia cedeu-lhe graça,
A Senhora de Shalott."

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Longo porém belo como só um poema poderia ser.

3 comentários:

  1. Realmente, belo.

    Adoro quando tu postas estas que, pra mim, são desconhecidas. Sempre uma ótima leitura ;)

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    1. Fico bem feliz que tenhas gostado, minha linda.
      Vou me esforçar para postar com mais frequencia, para que sempre tenhas boas leituras. ^_^ beijos

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  2. Linda demais, demais! Estas histórias sobre Rei Arthur sempre mexem comigo, igual às Brumas de Avalon... eu devooooroooo...

    Adorei!

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