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O Estratagema de Ísis

 (ou "Ísis a fodona" como gosto de pensar XP)






O tempo é imparcial, inexorável, devora sem escolha e sua fome é insaciável. Os deuses, inquietos, percebiam que nem mesmo o grande Deus egípcio do sol era imune a ele. Seu estado piorava com o passar do tempo: sua capacidade de julgamento estava, a cada dia, mais nublada. Seus membros iam ficando rígidos; pouco a pouco, seus ossos se convertiam em prata e seu corpo em ouro. Mas, mesmo com o tempo a lhe devorar aos poucos, ele ainda era muito poderoso e sábio, e quase tão sábia quanto ele era sua neta, Ísis, a Deusa da magia, da cura, do amor e do trono. O único conhecimento que faltava a Deusa, era justamente aquele que lhe daria os imensos poderes de uma Deusa de primeira grandeza: O verdadeiro nome do Deus Sol.

Todos os dias, com grande dificuldade, o Deus solar caminhava com sua comitiva ao longo da mesma estrada até seu barco solar, que o levava na jornada da terra dos vivos no Oriente até a terra dos mortos no Ocidente. Um dia, numa dessas idas ao barco solar, ele foi acometido por uma forte tosse e, antes de seguir caminho, cuspiu no chão para se livrar do pigarro indesejado. Escondida ali perto, atrás de um espesso arbusto, se encontrava Ísis que, vendo seu avô já ao longe, saiu do esconderijo e correu até onde ele havia cuspido. Com seus conhecimentos em magia, misturou a saliva com a terra entre seus dedos, e dessa lama amassada formou uma serpente. No dia seguinte, quando o Deus novamente saiu para percorrer o firmamento com sua barca, Ísis, escondida, soprou vida à serpente e a soltou em seu caminho. A víbora, mais do que rápido, mordeu o pé do velho Deus que sentiu uma dor aguda e gritou:

- Que é isso?! Que me aconteceu?

Uma fraqueza extraordinária desceu sobre ele; seus dentes batiam com violência, seus braços e pernas tremiam. O veneno se espalhava rapidamente e ele deixou-se cair ao chão, convulsionado pelos espasmos de dor que lhe sacudiam o corpo. Aterrorizado, o grande deus Sol conseguiu reunir um pouco de força e disse:

- Vinde para perto, todos vós que nascestes de mim.

Ao seu redor, vindos de todas as partes do universo, foram se reunindo os deuses chamados por sua vóz divina, e claro, lá também estava Ísis. Ao ouvir todos seus filhos e netos a lhe prantear, o Deus disse:

- O coração me queima e o corpo me treme. Sinto-me mais frio que a água e mais quente que o fogo. Meus olhos estão vidrados e eu não consigo ver o Céu. Embora nada tenha visto e minhas mãos nada tenham alcançado, sei, em meu coração, que fui ferido por coisa mortífera.

Foi a então que Ísis se destacou do círculo formado em torno do Deus moribundo e falou:

- Alguma das criaturas que criastes levantou a cabeça contra ti, pai? Certamente foi uma serpente, divino sol, que com seu poderoso veneno causou o mal que atormenta teu corpo. Tenho certeza que com o encantamento correto posso livrar-te deste mal. Mas terás de dizer a mim teu nome.

O velho Deus está a ponto de desmaiar e se retorce no chão. Embora não queira revelar o segredo, precisa dar uma resposta a Ísis. Desesperado, limita-se a enumerar os diversos nomes que todos conhecem.

- Sou Quéfri de manhã, Rá ao meio-dia e Aton ao entardecer. Muitos são meus nomes. Eu sou o Deus do não ser. Somente meu pai me chama pelo meu verdadeiro nome. Ele me deu esse nome para que niguém pudesse me enfeitiçar com magias e assim se apoderasse de minha eterna sabedoria.

Ísis, muito esperta, não se deixa enganar e insiste:

- Dize a verdade, e minha magia pode livrar-te para sempre dessa dor. Qual é esse verdadeito nome, então, aquele que seu pai te deu?

De maneira alguma ele dizia seu verdadeito nome. E cada vez mais seus gritos ecoavam entre os mundos. No entanto, nenhum Deus intervinha e Ísis insistiu uma vez mais:

- Diga-me pai, qual seu verdadeito nome, e eu te ajudarei com minhas palavras mágicas. Meu encantamento só será eficaz se me revelares teu verdadeiro nome. Com um feitico lançado com teu nome secreto, poderei para sempre retirar o veneno do teu corpo.

O Deus ainda hesitou e resistiu o quanto pode, mas desde que não parecia haver descréscimo  na fúria da dor, cedeu:

- Vem cá! Vou derramar em teu coração o poder que está no meu.

Ísis aproxima-se dele, que a contragosto, sussurra em seu ouvido:

- Meu nome secreto é Rá. Este é o nome dado a mim por meu pai.

Fortalecida pelo segredo, Ísis pronuncia as únicas palavras mágicas capazes de quebrar o encantamento. Imediatamente, Rá recupera a saúde. O grande Deus Rá fica muito aborrecido por ter sido obrigado a entregar a essência de seu poder, mas Ísis está feliz: acaba de transformar-se numa das maiores divindades, senão, a mais poderosa de todas.

Baba yaga e Vassalisa - II Parte


De repente...


Ela ouviu um barulho familiar se aproximando. Eram passos de cavalo logo atrás dela. Quando se virou para olhar, eis que bem perto de Vassalisa, já aparecia um cavaleiro branco, montado num magnífico cavalo branco. Trazendo o raiar do dia a cada passo que dava, ele ia iluminando cada gota de orvalho, cada folhinha de cada árvore. Ia despertando cada passarinho, que logo começava a cantar. Os morcegos e corujas voltavam para suas casas, sabendo que já era hora de descançar. O cavaleiro passou por ela, bem diante daqueles olhinhos que brilhavam, e depois foi sumindo no meio da floresta. Maravilhada com a visão só conseguiu continuar seu caminho momentos depois do que havia presenciado. Continuou andando e ouvindo as indicações da bonequinha para chegar até a casa da Baba yaga.

Passaram-se horas e a fome já começava a incomodar sua barriga, a luz estava ficando mais e mais forte a cada hora que passava e, quando a luz estava em seu auge, tirou um pedacinho de pão que carregava e dividiu com sua bonequinha. No meio da refeição ela ouviu um cavalo se aproximando, ficou logo de pé par ver o cavaleiro branco, mas qual não foi sua surpresa quando em vez disso ela viu cavalgando rápido e lindamente, um caveleiro vermelho, montado num cavalo vermelho trazendo o entardecer.

Vassalisa nem piscava seus olhos diante de tamanho espetáculo. A luz, que ia cobrindo tudo, era de um tom avermelhado tão lindo. E, assim como o primeiro, ele foi espalhando aquela luz por todos os lugares. A brisa do entardecer tocou o rosto da menina, os animais pararam por um instante sentindo-a, e depois seguiram seus ritmos vendo a luz do sol ficando cada vez mais fraca. O calor do meio dia ia ficando mais brando, menos ardido para floresta. A menina se sentindo mais disposta então, continuou a caminhar.

Enfim, já exausta, avistou um cavaleiro vestido de negro, com seu rosto tão branco quanto a lua. montando em um lindo cavalo negro ele trazia as estrelas em sua capa que cobria tudo de uma escuridão profunda. Assim as criaturas noturnas da floresta foram despertando. A Coruja com seu canto passou voando sobre sua cabeça, os grilos e cigarras acompanharam a melodia. A sinfônia da noite ia se formando a medida que o cavaleiro se distanciava e se tornou completa quando entrou numa cabana esquisita- Havia uma cerca feita de caveiras e a casa se firmava sobre enormes pés de galinha, amarelos e escamosos, que andavam sozinhos. As cavilhas das portas e janelas eram feitas de dedos, mãos e pés humanos, e a tranca era um focinho com dentes pontiagudos- Então noite reinou na Floresta.

Vassalisa achou que não poderia ficar com mais medo, foi quando viu a própria Baba Yaga descendo do céu, provando o contrário.
Antes que Vassalisa pudesse dar um passo sequer, a mulher desceu do céu aos gritos:

- O que você quer?

Vassalisa estava tão aterrorizada que se sentiu desmaiar. Tudo em volta era sinistro e Baba Yaga tinha um ar ameaçador. Mas resolveu encher-se de um pouquinho de coragem. Já que estava ali, ia tentar a sorte e pedir ajuda àquela assustadora senhora. Assim, aproximou-se da velha e disse:

- Olá, avozinha! As minhas irmãs mandaram-me vir ter contigo, para te pedir um pouquinho de fogo.

A velha retrucou:

- E por eu te daria o fogo menina?

Vassalisa pensou por alguns segundos...

- Por que estou pedindo vovózinha.

A velha fez uma cara de surpresa diante da resposta simples, mas sincera e disse:

- Eu sei quem tu e as tuas irmãs são. Só te darei o Fogo se fizeres certas tarefas para mim. Se não as fizeres, mato-te. Ficaste impressionada com a minha paliçada, não foi?


A bruxa deu jantar a Vassalisa, indicando-lhe também uma cama para ela dormir.
Como partiria cedo no dia seguinte, disse-lhe que, no dia seguinte, queria que ela varresse o chão da casa, preparasse o jantar e tirasse grãos negros e ervilhas selvagens de uma masseira de trigo, que teria de ser lavado. Vassalisa, antes de ir para a cama, deu comida à sua pequena boneca e confessou-lhe nunca conseguiria acabar as tarefas a tempo. A boneca tranquilizou-a, dizendo-lhe para não se preocupar com nada.

No dia seguinte, Vassalisa cozinhou e varreu a casa, enquanto a boneca tratou do trigo. Quando Baba Yaga chegou a casa, ao cair da noite, vasculhou toda a casa e inspeccionou o trigo. Porém, não lhe disse nada.

Antes do jantar, três pares de mãos sem corpo carregaram um saco pesado de trigo e puseram-no aos pés da velha. Esta disse que Vassalisa deveria tirar todas as sementes de papoila e terra que nele encontrasse.
Mais uma vez Vassalisa desabafou com a sua amiguinha, que lhe disse para não se preocupar. Quando a velha saiu, no dia seguinte, a boneca limpou o trigo rapidamente, dando tempo a Vasilissa para preparar um delicioso jantar para Yaga. Ela só chegou quando a noite já era cerrada, com um ar carracundo que se suavizou ao ver a rapariga amedrontada com jantar à sua espera. Os três pares de mãos surgiram do nada e levaram a papoila para a prensa.

Isso intrigava muito Vassalisa.

"Como ela consegue fazer isso tudo?" Pensava.
Até que sua curiosidade foi maior e ela disse:

- Posso perguntar-lhe uma coisa vovó?
- Pergunte, mas lembre-se, nem toda pergunta é boa. Conhecimento demais envelhece.
- Quem são os cavaleiros de branco, vermelho e preto?
- AH! São Meu dia Radiante, Meu sol da tarde e Minha noite fria e misteriosa.
- Hum... entendi....

Mas Baba Yaga também era muito curiosa e queria saber como Vassalisa havia conseguido fazer todas aquelas tarefas em tempo. E essa foi a resposta que ouviu da bela mocinha:

_Foi a benção da minha falecida mãezinha.

_ Benção?! - gritou a velha - Benção?! Não precisamos de nenhuma benção por aqui. Fora! Vamos! Vá embora! Saía logo daqui!

Dizia rispidamente enquanto empurrava Vassalisa para fora, colocando em suas mãos um enorme osso com uma caveira no topo.

- Este é seu fogo. Suma logo daqui.


Vassalisa vendo que a caveira tinha fogo saindo pelos olhos, ouvidos, nariz e boca, agradeceu-lhe muito e partiu naquela mesma noite. Quando já estava quase chegando em casa, a jovem sentiu um verdadeiro pavor daquele objeto. Sua vontade ela abandoná-lo lá mesmo, mas a caveira insistiu para que a levasse até à família, pois tudo ficaria bem. Chegando em casa deparou-se com as meias-irmãs e a madrasta surpreendidas com a sua chegada. Ao que parece, tinham-na dado como morta.
Vassalisa, querendo ser bondosa para elas, deixou-lhes a caveira luminosa, para que pudessem dormir com luz.
A caveira passou a noite observando a madrasta e sua filhas, queimando as maldades delas por dentro.
Na manhã seguinte, quando Vassalisa acordou encontrou a madrasta e suas irmãs reduzidas a cinzas.

Baba yaga e Vassalisa - I Parte


Ando meio ausente da vida de meus amigos por causa do trabalho, mas saibam, meu amados, que não esqueço de vcs jamais.
Ká, minha florzinha, adoro seus comentários aqui nas Teias... aprecio deveras a tua opinião, que é sempre bem-vinda.
Desculpas sinceramente dadas... vamos ao conto :)

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Baba yaga e Vassalisa - I Parte

Havia uma bela menina chamada Vassalisa que vivia com seus pais num lar muito pobre, porém feliz.
A vida ia tranquila e simples, quando no oitavo inverno da menina, a tristeza e a morte cobriram a casa da jovem com seus escuros véus, levando a mãe da bela menina.

A pobre mãezinha, ainda moribunda, chamou-a em seu leito e, com amor, entregou à triste menina uma pequenina boneca de madeira, juntamente com a seguinte orientação:

- Estas são minhas últimas palavras, minha filha querida. Siga-as com atenção. Se você precisar de ajuda, pergunte à boneca e ela lhe dirá o que fazer. Guarde-a sempre consigo. Nunca fale sobre ela a ninguém e alimente-a sempre que ela tiver fome.

Vassalisa cresceu ao lado de seu querido pai, tendo sempre por perto a sua querida boneca, que guardou como um rico tesouro e a alimentava sempre.

Preocupado com Vassalisa que ficara sem mãe tão cedo, e sempre a vendo, tão sozinha, conversar com uma boneca de madeira, decidiu casar-se novamente, afim de dar uma nova mãe a sua filha amada.

A nova esposa tinha duas filhas da idade de Vassalisa. Era uma bela mulher, porém mesquinha, cheia de inveja e ciúme. De imediato não gostara da menina, pois perto dela suas duas filhas mais pareciam borrões feios na parede.

Na ausência do pai, a mulher e suas invejosas filhas tratavam Vassalisa como serva, impungindo-lhe duras tarefas e desprezando-a por sua simplicidade. A doce menina, com inocência e esperança que algum dia fossem gostar dela, sempre obedecia e cumpria todas as tarefas.

Certa vez, a madrasta quis dar um fim em Vassalisa e apagou o fogo que havia em casa, obrigando a pobre moça a buscar uma fagulha com a Baba Yaga, a bruxa que vivia na floresta.
A madrasta sabia que se Vassalisa fosse até a bruxa, esta a devoraria facilmente e seu plano estaria consumado.

Vassalisa, com toda inocência e doçura do mundo, entrou floresta adentro, levando consigo sua pequenina boneca.
Na medida em que andava, a floresta tornava-se cada vez mais escura e ela só conseguia ouvir o estalar dos gravetos pisados.
Amedrontada, a jovem segurou firmemente a boneca que estava no bolso do avental. A bonequinha, vendo o desespero de Vassalisa, disse para que ficasse tranquila, que tudo sairia bem. Sentindo-se mais segura, seguiu em frente. A cada bifurcação, a boneca dava as orientações para chegar até a casa de Baba Yaga.

Vasalisa, depois de tanto caminhar, fez uma parada para alimentar a bonequinha com pedacinhos de pão. Quando de repente...

Tchammmm... tcham tchammmm... só no próximo post... :) rsrsrs

Baba yaga



Uma figura do folclore do leste europeu. Importante figura no imaginário desse povo, ela está presente em muitos contos tradicionais, no caminho de Vassilissa, a bela, ou do destemido Príncipe Ivan.

Quase sempre se tem a visão de que Baba-Yaga é uma temível bruxa, mas nem sempre foi retratada dessa forma.
Antes da Era Cristã ela era retratada, também, como grande conselheira ou a guardiã de muitos segredos.

Sua aparencia é um tanto "assustadora" para quem não está acostumado. Ela é muito velha e tem nariz de gancho. É muito magra, a ponto de seus ossos aparecerem debaixo de sua pele, e tem os olhos chamuscados, como carvão em brasa.
Vive em uma cabana no meio da floresta. Uma cabana um tanto quanto curiosa, que descança sobre grandes, amarelos e escamosos pés-de-galinha, que andam sozinhos ao seu comando. As cavilhas das portas e janelas são feitas de dedos, mãos e pés humanos e a tranca é uma boca com dentes pontiagudos. A cerca que fica ao redor da cabana é feita de caveiras e ossos humanos.

Baba Yaga voa, para onde quer, dentro de um almofariz* de prata, muito veloz. E o rastro de cinzas que deixa pelo céu, rapidamente a danada vai apagando com sua vassoura.
Algumas pessoas dizem que se alimenta de ossos humanos moídos em seu pilão, mas há quem diga que ela também come criancinhas.

Possuidora de muita sabedoria, é senhora da Vida e da Morte, e também é dona do Dia, da Tarde e da Noite, representados por três cavaleiros:

O Primeiro é um Cavaleiro Branco, que cavalga um Cavalo Branco, e se chama Dia;
O Segundo é um Cavaleiro Vermelho, que cavalga um Cavalo Vermelho, e se chama Tarde;
O Terceiro é um Cavaleiro Negro, que cavalga um Cavalo Negro, e se chama Noite... Claro!

Baba yaga é assustadora e temida, pois quem a procura é obrigado a entrar na escuridão, a deixar o mundo da lógica e do conforto.

"Ajuda os puros de coração e devora os impuros".



*vaso de madeira, metal, pedra, vidro...onde se pisa, esmigalha qualquer coisa com o pilão
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Bem, no próximo post escreverei um conto sobre ela...
Espero que tenham realmente apreciado...