A Mulata de Córdoba - Parte final
Na noite antes de sua excecução Mulata gentilmente pediu ao carcereiro, que passava por sua cela, um pedaço de carvão. O homem ficou confuso, mas como era o pedido de uma pessoa que logo estaria morta, ele fez sua vontade.
De manhãzinha, no dia em que ela iria ser executada, o carcereiro foi visitar sua cela novamente e se viu espatando com o que vira. A moça havia feito um desenho de um grande navio na parede de sua prisão. Surpreso e ao mesmo tempo curioso ele disse:
- Mulher, porque gastas seus ultimos momento com tamanha besteira. Ajoelha-se e arrependa-se de teus pecados antes que seja tarde.
Mulata apenas sorriu e lhe perguntou docemente:
- Bom dia querido carcereiro, me farias a gentileza de dizer o que falta em meu navio?
Ao que o homem responde contrariado:
- Mulher, por favor, se te arrempenderes agora não irás morrer. O que falta ao seu navio certamente é o mastro.
- Se um mastro lhe falta, um mastro ele terá!
O carcereiro foi embora, levando em seu coração uma grande confusão. Não conseguia entender os designios de Mulata.
Ao meio-dia, o carcereiro voltou à cela e viu admirado o grande navio, mas agora com o mastro que antes lhe faltara.
- Querido carcereiro, o que falta agora ao meu navio?
Perguntou a enigmática e linda mulher.
Porém, mais uma vez ele a disse, quase em desespero:
- Mulher que se vê em desgraça, salve tua alma, implore o perdão daqueles que te julgam. Porque me perguntas algo tão obvio? Está claro que ao navio faltam as velas.
- Se as velas lhe faltam meu querido, velas ele terá!
Mais uma vez o carcereiro foi embora, completamente intrigado com aquela mulher, que na certa já estava tomada pela loucura, pois em suas últimas horas de vida gastava seu tempo desenhando.
A Tarde veio, e assim a hora de Mulata ser excecutada tbm. Com toda a praça preparada para sua morte, o carcereiro foi busca-la em sua cela, carregando em seu semblante muita tristesa.
Ela o aguardava, bela e sorridente. Uma pedra preciosa e brilhante ao meio de tanta feiura e sujeira. Mais uma vez, com toda a gentileza, ela perguntou:
- Querido, o que falta agora ao meu navio?
O homem, com uma agonia enorme respondeu quase aos gritos:
- Mulher não percebes que irás morrer e sua alma enviada ao inferno, reza para que tua alma seja recebida por Deus Nosso Senhor e arrepende-te dos teus pecados. A este navio, a única coisa que falta é navegar, está perfeito!
A Mulata, mais bela e doce do que nunca respondeu:
- Pois se vc, meu querido, tanto o deseja, o meu navio navegará!
Sob o olhar em choque do carcereiro, um vento frio e veloz invadiu a cela, e mais veloz que o vento Mulata saltou para o navio, que começou a se mover lentamente e depois a toda vela, levando com ele a poderosa e bela feiticeira.
O homem ficou imovel, gelado e tremulo. Seus olhos se arregalaram e sua boca se arregaçara. Mais tarde o encontraram em estado deplorável, encolhido num canto da cela rezando sem parar.
A Bela feiticeira nunca mais foi vista, a não ser no sonhos daquele pobre homem, aterrorizado pelo poder e enorme beleza, vista naquela tarde que nunca mais esqueceria.
Gosto mais dessa parte da história. :P
ResponderExcluir^^'
I.L.D
Lembro-me agora... das últimas noites que passamos juntas, na virada deste ano no Campeche.
ResponderExcluirNoites regadas com belas estórias, bons amigos e com cerveja tornou-se inesquecível.
Bom relembrar dessa estória acima^^.
Quero ainda ler tantas outras que por aqui virão...
Bjs no coração.
K.
Olha aí! Que final perfeito! Eu realmente pensei por um momento que seria triste o fim, mas a sorte muda!
ResponderExcluirMassa demais!!!
Beijo!